segunda-feira, 1 de agosto de 2011

3º Excerto do Livro "Contos de Sintra - Volume I"

    Desembrulhou-se do pano que na noite o revestira, e já vestido - como ali nas cavalariças assim todos dormiam - tacteando o chão perto de si, encontrou suas botas; procurou a porta, e calçando-se desengonçadamente, atravessou o orifício do tosco edifício, mergulhando no apertado trilho que mostrava por entre as juntas folhas que como pejados bandos de estáticas aves em voo no ar se encontravam, o púrpura que em todo o celeste manto se começava agora a doirar.
    Dentro de si próprio, dentro de seu ser, aquela madrugadora caminhada por entre fresca brisa repintada de mornos traços, mostrava-lhe a solidão de quem indo ao encontro de quem por si espera, ainda sente amargo sentimento que persiste - ainda que esforços se façam para tal contrariar - trazido pelos medos, pela pior acepção da realidade, que sonhos e desejos intimida como sombrio algoz.

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